A poesia estava só,
em palavras tristes,
vazias,
incertas.
A poesia estava triste,
em palavras solitárias,
insignificantes,
perdidas.
A poesia estava vazia,
em palavras incertas,
acabadas,
infinitas.
A poesia estava só,
sem palavras.
Quando então, a poesia encontrou o teatro,
que estava à sua espera,
vivo,
inteiro,
disposto a dar vida às pretensas palavras,
às pequenas palavras.
Do papel,
à sua boca.
Da sua boca,
à boca dos povos.
O mundo agora ri,
agora chora,
pensa,
aterrissa e decola,
nas mesmas palavras,
ainda infinitas,
perdidas e inacabadas,
às vezes até caladas,
porém,
transplantadas com um coração teatral.
Leandro Bertola